O que pensam as estrelas enquanto eu, cá embaixo, vivo?
Elas observam meu presente indeciso
Eu contemplo o seu passado preciso
Eu choro, espirro, gozo... E elas, simplesmente, brilham
Mas o que pensam as estrelas enquanto eu, cá embaixo, sonho?
Impropérios e desaforos rondam meus planos
Igual ao vácuo abraçando aos sistemas
Tantos nós, tantos sóis...
Eu como, eu apodreço, eu vomito...
Elas, majestosamente, brilham
O que pensam as estrelas enquanto eu, cá embaixo, grito?
Sussurros estelares carregam o tempo
Eu só enxergo o que os meus olhos permitem
Fuleragem atômica, mundana
Fuligem cósmica
Eu, sistematicamente, durmo
Elas, persistentemente, brilham
O que pensam as estrelas enquanto eu, cá embaixo, sofro?
Perco os propósitos no espelho manchado
Gotas randômicas preenchem o infinito
Elas caçoam de meu destino
Enxergam meu sol com indiferença
Seis bilhões de dúvidas!
Eu padeço, tombo, desisto...
Elas, esplendorosamente, apagam!
O que pensam as estrelas enquanto eu, cá embaixo, morro?
[Jair Oliveira]