4 de dezembro de 2010

Poema do amigo aprendiz



Quero ser o teu amigo


Nem demais e nem de menos
Nem tão longe e nem tão perto
Na medida mais precisa que eu puder
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida
Da maneira mais discreta que eu souber
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar
Sem forçar tua vontade
Sem falar, quando for hora de calar
E sem calar, quando for hora de falar
Nem ausente, nem presente por demais
Simplesmente, calmamente, ser-te paz
É bonito ser amigo, mas confesso é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência
Vou encher este teu rosto de lembranças
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias

                         [Fernando Pessoa]

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